
“O cão era como um casamento. Estava sempre tudo bem, exceto nos dias em que estava mal. Como é que se explica aos outros que somos ótimas pessoas, mas que há momentos em que nos atravessa um relâmpago que tudo queima?”
Isabela Figueiredo presenteia-nos com um romance escrito na primeira pessoa de um narrador protagonista.
José Viriato é um homem solitário que não gosta de confusão nem barulho e vive unicamente para si e para os seus cães.
Quando a noite cai, ele sai e rebusca o lixo, escolhendo e recolhendo o que outros já não querem. De manhã quando os vizinhos começam a sair para o trabalho, ele volta para casa, trata dos cães e dorme.
A vizinha, Beatriz, igualmente solitária e misteriosa, tem a alcunha de Matadora. É uma acumuladora e tem pavor de cães. Uma gripe que a encapacitou fez com que os dois se aproximassem.
Qual será o resultado do encontro de duas pessoas que vivem, há muitos anos, isoladas do mundo?
Será a solidão uma escolha consciente?
“Precisamos de alguém com quem falar. Não interessa de quê. Precisamos de uma voz humana.”
“… tudo morre quando os que amamos se vão embora. O coração vazio é uma casa em ruínas. Uma casa que morre.”
Gostei muito.