Sete anos

Fez em janeiro sete anos que decidi perceber se o meu gosto por escrever tinha pernas para andar ou se não passava apenas de um prazer (diria até necessidade) ou mania que não me saía da cabeça.

Inscrevi-me no 34º CNEC (Concurso Nacional de Escrita Criativa) e durante dez semanas fiz os textos propostos e fui analisada por três júris. Dos cento e quarenta e seis participantes que chegaram ao fim, a nota mais baixa foi quarenta pontos e o vencedor, com a nota mais alta, teve quatrocentos e trinta e oito pontos. Eu fiquei no sexagésimo nono lugar com quatrocentos e um pontos.

Fiquei contente. O resultado excedeu as minhas expectativas e deu-me algum fundamento para não virar costas a um sonho que me perseguia – escrever um livro! Assim, uns meses mais tarde, inscrevi-me numa Oficina de Criação de Obra e foi aí que o meu primeiro livro, 777, começou a ganhar vida. Finalmente, publicado e lançado em 2021 na Feira do Livro de Lisboa, tornou-se uma realidade e um sonho concretizado.

Nesse intervalo de tempo, abri uma página nas redes sociais – Cenas d’Escritas, um grupo de poesia no FacebookAlma de poeta, alma inquietA, o blogue e comecei a mostrar algumas coisas que ia escrevendo: poesia, crónicas, mini contos, pensamentos, frases motivacionais… o que me ia cá dentro. Comecei a ser convidada para tertúlias, entrevistas em rádios, podcasts, participei como coautora em mais de uma dúzia de Coletâneas Poéticas e tive o privilégio de ver quatro poemas musicados e lançados em CD por dois músicos nacionais. Depois, em 2022 e 2023, coordenei e editei duas coletâneas poéticas homónimas do grupo Alma de poeta, alma InquietA.

Tive, também, a imensa felicidade de ver o meu primeiro romance – 777 – ganhar o Prémio de Melhor Obra de Fantasia 2022, atribuído pela editora.

2023 foi, também, um ano em cheio ao publicar dois livros completamente diferentes, mas que me são muito estimados. Em março, o livro infantojuvenil O irmão de Sofia trouxe à luz uma realidade latente na sombra da sociedade: o preconceito e a falta de informação sobre a Trissomia 21. Como mãe de um menino com esta característica genética, desde o nascimento que sinto na pele as dificuldades que ainda existem e a exclusão que, infelizmente, muitas escolas praticam em oposição à inclusão que apregoam. A palavra irmão do título foi escrita pelo meu filho, as ilustrações foram feitas por seis jovens adultos, utentes do CACI, da CERCISA, e isso faz com que este livro seja único, especial e diferente dos demais. Não há outro igual. A história da família da Sofia e do Santiago é contada na perspectiva da irmã mais velha. Parte do lucro das vendas reverte a favor dessa instituição.

Em outubro fiz o lançamento do meu terceiro livro – Cinco Contos Te Conto. Um livro de fácil e rápida leitura com cinco histórias diferentes e cinco ilustrações, antecedendo cada uma delas. Tenho muito orgulho nele. Acho, sinceramente e modéstia à parte, que está muito giro. Sempre adorei histórias, as que a minha avó me contava e as que lia nos livros, desde os meus sete anos. Este livro é como um regresso à infância e à adolescência, com inspiração nos mestres que me fascinavam: Enid Blyton, Agatha Christie, Alfred Hitchcock e Stephen King. As ilustrações do Guilherme Alves dão-lhe a cor e o toque final que o tornam tão apelativo.

Entretanto, como adoro estar sempre a aprender e quanto mais leio e estudo mais vejo que nada sei, fiz, no ano passado, um Mestrado Internacional em Escrita e Narração Criativa, online e estou, atualmente, a participar numa Oficina de Introdução à Escrita Criativa.

Sete anos passaram num instante, mas traduzem toda uma vida de paixão pelas letras, pela poesia, pela arte, ocultada pela vergonha, pela falta de tempo e confiança. Felizmente, os quarenta e a pandemia criaram as condições para este amor emergir.

Precisava contar.

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