Tenho garimpado
Nas ondas tempestuosas
Por onde sou levada
– Procuro –
Sei que o tesouro existe
Por vezes vejo o brilho
Mergulho e vasculho
Sinto-o perto
Noutras fico confusa
Baralhada entre a espuma
que cintilante me chama
Olho em volta
Mar sem fim
Ecos que me baralham
Perco as forças
E vou-me abaixo
Ponho os pés no chão
Sinto a areia macia
Sem respirar caminho
Prestes a ficar sem ar
tropeço e aleijo-me
Agacho-me para agarrar o pé
Sinto o responsável mesmo ali
Prendo-o
Subo e inspiro fundo
Abro a mão
A luz do sol reflete e cega-me por instantes
Olho novamente
Uma grande pepita de ouro reluz
e sussurra-me:
“Estive sempre aqui”
