
Passava dez minutos da hora combinada e nem sinal dela. A ansiedade começava a pesar e eu pensava se lhe teria acontecido alguma coisa.
O bar do costume, no canto e mesa mais escondida, era o nosso local de encontro. Ninguém podia saber. Ficávamos a ouvir a nossa música preferida a tocar na jukebox, enquanto fazíamos planos para o futuro. Bebíamos qualquer coisa forte, antes de irmos, separadamente.
O risco era constante; ambos sabíamos que era errado.
Quanto mais tentávamos evitar, pior era, mais forte se tornava.
A atração que nos unia transformava-se rapidamente numa necessidade física, carnal, sexual e de sobrevivência. Nada mais se comparava àquela erupção de pele a queimar, coração a cavalgar, pernas a tremer, beijos gulosos e corpos em espasmos e tremores.
Eu achava-a a mulher mais linda que alguma vez conhecera. A mais sensual que alguma vez provara. A mais suculenta, gostosa e saborosa, como um doce fruto maduro pronto a ser colhido, sorvido, devorado. Mas não era apenas isso. Ela era inteligente, forte, determinada, alegre, sexy, madura e, ao mesmo, tempo uma explosiva e inocente adolescente. Tudo combinado num único ser que parecia existir apenas para me tentar e arrebatar.
Os dias e noites eram passados a pensar nela, a imaginar, a ansiar, a contar os minutos para a ver, a implorar aos deuses por ela. Era um fogo que me consumia.
Era casada. A Mrs. Jones.
Será que é desta que ela não vem?
Microconto baseado na música “Me and Mrs. Jones”, cantada e gravada originalmente por Billy Paul