
Tenho saudades minhas
Não de outros,
de mim.
Da menina despreocupada
da felicidade livre de outrora,
dos tempos leves.
Os espinhos têm sufocado
As sombras têm se espalhado
Este mundo não é o meu
Nunca foi.
As nuvens são a minha casa
O azul celeste o meu leito
A copa das árvores a minha paz
O mar o meu conforto
As flores a minha juventude
As borboletas a minha liberdade
As palavras a minha saída
A música a minha droga
A mãe que me tornei
Forçou-me a lutar
A esquecer o sono
A sair de mim
A tornar-me cada um dos três
A absorver as dores
A limpar as feridas
E a lutar
Sempre. Por eles, por amor.
Até um dia poder regressar
a casa, ao ventre, à paz, ao descanso, a mim.
Quando eles souberem lutar
Quando eles souberem vencer
Quando eles voarem
Quando as suas vozes se conseguirem ouvir.
Até lá, se preciso, ficarei rouca,
mas não baixarei os braços.
Por eles, por amor.
Mãe