Conta-me histórias

Sempre adorei que a minha avó me contasse histórias antes de dormir; sempre devorei os livros da Enid Blyton, da Patrícia e Agatha Christie; adorava os filmes do Hitchcock; o suspense e o terror seduziam-me.

Inventava cenários para brincar e cheguei a escrever cartas com histórias inventadas; também tinha um diário, mas não durou muito.

O funcionamento, as ligações e o potencial do cérebro humano sempre me fascinaram. Levava ‘que tempos’ para adormecer porque viajava dentro da minha cabeça por estradas e autoestradas com informações cruzadas a uma velocidade que me deixava perplexa.

Sempre gostei do perigo, do desconhecido, explorar bairros, vielas e prédios abandonados.

No colégio, escondia-me por entre os casacos dos miúdos e ficava à espera. Assim que algum deles se aproximava saltava e gritava abrindo os braços. Coitados!

Às vezes, em casa, fazia o mesmo à minha mãe. Ficava à espera numa zona escura do corredor; quando ela inocente se aproximava, caía-lhe em cima abraçando-a aos urros. Um dia, sentiu-se tão mal que nunca mais o voltei a fazer.

Quando hoje escrevo, esta parte infantil ainda está lá. A diversão de misturar cenas reais e inventadas. Escolher e encarnar personagens como fazem os atores. O palco é o papel, os textos são a combinação da imaginação com a experiência de vida.

Quando algumas pessoas leem o que escrevo e tentam confortar-me ou acham que estou a desabafar, acho um ‘piadão’.
Que eu saiba o Capuchinho Vermelho, a Branca de Neve e a Cinderela nunca existiram.

Eu gosto de contar histórias!
Quem mais?

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