Casa vazia

A casa está tão triste

A sala tão vazia

O quarto ficou tão amplo

Os espelhos refletem saudade

Os candeeiros choram a falta de luz

E a nossa cama?

Tão grande, deserta

Perco-me nas noites turvas

Congelo

Falta-me o calor do teu corpo

Mesmo que distante do meu

Sentia-te

Ouvia a tua respiração

O teu perfume envolvia os lençóis

Se antes não tinha espaço no roupeiro

Agora as camisas parecem esqueletos

pálidos, abandonados em isolamento, com peste

Falta-me a cor dos teus vestidos

O barulho dos saltos altos pelo soalho

As maquilhagens espalhadas pelo balcão da cozinha

Os longos fios dourados perdidos nas loiças, antes imaculadas

Até dos soutiens dançantes, que tantas vezes me irritavam por andarem perdidos,

sinto falta

Disseste que precisavas de espaço, de um tempo

Acho que já passaram mil tempos e espaço infinito

Onde estás?

Vejo-te em fotos, em festas, rodeada de amigas e amigos

Ris

Pareces estar feliz

O tempo está a fazer-te bem

Sabes que não te consigo dizer

Mas morro de saudades tuas

Penso que sabes que te amo

Que preciso de ti

Talvez o devesse ter dito antes

Dói-me o peito

Nada me encanta

Volta, amor

Sem ti

sou uma casa abandonada

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