Sara B. Carvalho

Medo

A margem ora se afigurava perto,ora longe demaisEmbalada pela suave melodia do rioobservava distante o que se queria na peleMas… aquele sentimento paralisava-aTolhia-lhe cada músculoAli permaneciaDesejando um milagre para que tudo acontecesse Nada Aquela mancha escura no peito crescia e alastrava-seCastrava-aQuanto mais desejava irmais inerte ficavaImaginava a vida no outro ladoFantasiava um novo mundoO medo […]

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Até quando

Acordaste cinza profundoCarregado de pedraEnvergonha-nos Respeito impõesSe nos decidires calarExplodes em trovões Quantas serão as precesQue ecoam no vazioQuanto será o sangueDas dores derramadasDas vidas vencidasEngoles as espessas almasQue acima se entregamQue pelo ódio perderam o serOs curvados pelo peso que carregam O pano estende-seChuva brumosaPaira imóvelSalpicos de amorDispersos pelo ventoQue poliniza o escuroCom gotículas

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Cansei-meCansei de cansar-meDe esperarQue tudo mudasseE nadaNada se alteravaAs cores cinzaSempre iguaisOs dias incansavelmente monótonosAs noites claras demaisO ar sólidoRespirar – um tormento de dorAcordar sem vontadeVontade em desaparecerEstar mas não estarPaisagens abstratasOuvir debaixo de águaMúsicas deprimidasInverno sem fimPernas idosasMemória baralhadaAusência na peleFumo negro no peitoQuerer que a bolha rebenteQue tudo se fodaExplodir longeAdormecer e

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Pronta

Hoje tomei um duche de raios de solDeixei que milhões de purpurinasme invadissem e ornamentassem a peleAbracei os cabelos numa coroa de estrelas brilhantesUntei-me de flores coloridasPolvilhei-me com arcos-íris pulsantesPerfumei-me com buquês de nuvensMaquilhei-me de borboletas tremulantesVesti-me de exímios diamantesCalcei-me com macias asas de anjoInspirei a música mágica que pairava no arCelebrei o néctar dos

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A ir…

Está perto. A hora de partir vem a caminho. Já fiz as malas, levo pouca coisa. Já precisei de muito, hoje não preciso de nada. Apenas paz para ir, como um raio de luz, que desaparece lentamente à medida que o sol se põe, atrás do mar, deixando um rasto de brilho.O manto engelhado que

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Letras a saltar

O lume alto aquecia o chão da panelaAzeite quente começava a ganhar vidaO borbulhar aumentava o volumeA dança estava prestes a começar O milho deitadoAnsioso aguardavaBem comportadoSentia o calor a envolvê-loEm breve, juntosIam cometer loucurasUm tiro na tampa anunciava o começoDepois outroOutroE mais outro …A rajada ganhava formaEnchia o espaçoQue encolhia e cedia o lugarA

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Luz

No longínquo corredor do tempoExistem portas fechadasque jamais se abrirãoExistem memórias rasgadasRostos riscados pela distânciaVultos esfumados e esquecidosExistem vidas de outroraSegredos guardadosQuartos escurosAlguns assombradosCavalinhos de madeirae bonecas de pano empoeiradasExistem livros e filmes a preto e brancoAlguns mudos, outros nãoMas entre todasHá uma porta fechadaCuja luz rompe todas as frestasInvade o longo e estreito espaçoMostra

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Ó tempo…

O tempo,um instante. FalasteFizesteAproveitasteAmaste? Maldito momento,já passou. Devia ter dito aquiloDevia ter feito diferenteDevia ter aproveitado melhorDevia ter amado mais Maldito tempo,já passou. Volta!Anda para trásDeixa-me apagarDeixa-me alterar O que não foi ditoO que não foi feitoO que não se aproveitouO que não se amou Maldito tempo,já passou. Aprende com o ontemVive o hojePrepara o

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