
Ontem, enquanto esperava pelo sinal verde para atravessar a estrada, vi, no lado contrário, também à espera, uma senhora de cabelo branco e um homem que me chamou logo à atenção.
Ele tinha trissomia 21, aparentava uns 55 anos, mais ou menos, e ela parecia ser a mãe. Estavam de mãos dadas.
Quando nos cruzámos não consegui evitar sorrir.
Percebi o amor e a necessidade que ambos tinham um do outro. Percebi que estarem de mãos dadas era um sinal de proteção e um hábito que vinha da infância. Percebi que aquele laço era um desejo da progenitora e não tanto do filho.
Não sei qual deles precisará mais do outro. Ambos são a bengala que ampara. Um apoio cujo principal material é o amor. A liga é feita de carinho, empatia, cuidado, dedicação, preocupação, presença, amizade, aceitação e respeito.
São pessoas extraordinárias.
Se eu, em 2011, quando descobri que estava grávida de um bebé com alterações genéticas, soubesse o que ia receber não tinha chorado nem uma lágrima; teria saltado de alegria.
Houve momentos difíceis? Sim. Já senti descriminação? Sim. Já tive de me chatear? Sim. Reinventar? Sim. Valeu a pena? Sem dúvida!
E porquê? Porque só quem tem uma criança assim na sua vida sabe o quão lindos são. O coração puro e maravilhoso que têm, a alegria e boa disposição sempre prontas e um amor incondicional e infinito.
Se toda a gente soubesse, estas pessoas nunca seriam vítimas de maus tratos, abusos, escárnio, descriminação… porque elas dão o melhor que têm – um coração que não conhece ódio nem rancor, apenas AMOR❤️
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